Obrigada

Depois de doze anos de estudo, depois de um Fundamental turbulento, de um Ensino Médio confuso e transformador, pensei que encerraria essa fase sem conseguir conter as lágrimas.
Mas, estranhamente, tudo o que tenho a dizer é “Muito obrigada.”
Porque estou grata pelas pessoas maravilhosas que conheci nesse meio tempo.
Estou grata pelos professores que me incentivaram e pelos colegas que me respeitaram. Grata pelos amigos que encontrei e por cada vez que eles me apoiaram, pelas vezes que me acompanharam quando as coisas deram errado. E, embora seja complicado lidar com as pessoas que começaram junto de mim e se separaram depois, ainda agradeço pelo tempo em que me acompanharam.
2019 foi um ano complicado que tirou muitos dos meus problemas do armário e me obrigou a encarar cada um deles, mesmo que não tenha sido do jeito certo.
Quando paro pra comparar as coisas que fiz nos últimos anos, sei que dá pra notar o quanto mudei. Mudei pra melhor e pra pior ao mesmo tempo por causa de todas as novidades que tinha que encarar diariamente. Coloquei minha cara a tapa e me arrisquei mais esse ano, o que deu muito certo e me fez feliz, mas, ao mesmo tempo, pessoas do passado voltaram para me testar e outras simplesmente me viraram as costas.
Fiquei muito pau com o Universo, não vou mentir, porque logo no fim do ano as coisas amargaram e estragaram quase todas as amizades que conquistei, mas vamos olhar pelo lado bom: agora eu sei que não tinham a reciprocidade que pensava. Que era tudo muito raso e que, se continuasse, eu ia acabar me machucando (mais). Agora que entendi, já pedi até desculpas e nunca mais duvido dele.
Confesso que chegava em casa chateada com tudo o que acontecia, sem conseguir focar em nada, tanto que larguei o blog, meus rascunhos e meus amigos porque precisava ficar sozinha. Foi difícil pra mim levar esse baque, afinal, fui de uma pessoa que estava contente com o mundo real a alguém que postou esse texto depressivo sobre sua decepção amorosa.
E nunca me deram um dia de descanso. Estava sendo sempre lembrada dos laços rompidos devido aos olhares, comentários, fofocas e piadas. Eu me sentia parte de um filme de tão surreais que as coisas estavam.
Mas, como disse, consegui evoluir como pessoa e estou disposta a voltar para curar tanto as feridas que adquiri esse ano quanto as que pensava que estavam curadas há anos. Vai ser trabalhoso e eu sei disso, mas preciso apenas de um tempo para passar com as pessoas que amo e para dedicar a mim mesma.
Um tempo para enxergar a eu que escreve, que reconhece seu lado meio bruxinha, que desenha, que lê mangá de romance cheio de drama pra chorar e mangá de terror pra ficar criando teorias, que existe, mesmo depois de ter a suprimido por anos. Talvez pros meus amigos e pessoas próximas não vai ter tanta diferença, porque sempre tentei ser eu mesma perto deles, mas os demais que me fizeram criar essa “outra eu” podem se assustar.
E, sabe? Que se dane. Pra que continuar agradando essa gente? Eu nunca fui essa pessoa que me convenceram a ser pra me encaixar, embora tenham me feito acreditar nisso durante bastante tempo. E isso me fez ter muita dificuldade de me aceitar, e ainda faz. E é por isso que vou me dedicar a mim mesma agora. Às vezes é o que a gente precisa, desapegar do que as pessoas acham que nós temos que ser para nos tornarmos quem queremos.
Porque, embora agora pareça apenas um trecho de música, precisei perder pessoas para me amar. Preciso voltar a me conhecer melhor.
E isso significa muita coisa. Pra falar a verdade, embora eu tenha meus planos e métodos (listados desde novembro), ainda não sei exatamente por onde começar, mas eu sei que um desses planos é finalmente parar de procrastinar, então esperem meus rascunhos sendo publicados aqui e dessa vez é pra valer, prometo. 😂
É isso. Obrigada, porque finalmente posso dizer que acabou uma fase que me marcou mais negativamente que positivamente e porque, mesmo que precise me cuidar agora, eu consigo tirar momentos felizes disso tudo.

2019 me fez amadurecer mais do que pensei. E isso me alegra e me assusta.