
Descobri Guardiãs do K-pop através dos anúncios do Spotify e meu primeiro pensamento foi que coisinha fofa!
, afinal, não é todo dia que a gente ouve meu pequeno guaraná na letra de uma música. Os personagens eram bonitos, coloridos, e Soda Pop é 100% chiclete.
Foi só quando pesquisei o nome do filme que percebi o tamanho do fandom, o número de artes de fãs, de pessoas engajadas e, principalmente, o quanto a premissa era interessante e genuinamente boa. Fantasia, animação, música, protagonista feminina e homens bonitinhos são as minhas coisas favoritas, e o filme entrega tudo isso e mais um pouco.
Num universo ameaçado por demônios, surgem caçadoras que protegem as pessoas com o poder da música. Tais trios musicais perduram por anos, e, na a atualidade, Rumi, Mira e Zoey são estrelas do grupo K-pop HUNTR/X (Huntrix) enquanto usam suas vozes e poderes para manter a barreira que separa os demônios da Terra. Porém, a boyband Saja Boys entra em cena, e, além de arruinarem seus planos para a proteção do mundo, tiram das três coisas valiosas, como a união entre elas.
Relaxem, pois, onde tiver spoilers, eu vou colocar avisos. Considero spoiler tudo o que não é revelado nos primeiros minutos do filme, e que não está na sinopse.
Enredo
Rumi, assim como sua mãe, tem o dever de proteger o mundo junto a Mira e Zoey, usando suas vozes e o poder da união de seus fãs para manter o Honmoon, barreira que isola os demônios para fora da Terra. Além dessa responsabilidade, ela guarda um segredo imenso sobre quem é e como se sente em relação à sua identidade, e manter isso a sete chaves não é tarefa fácil.
Eu consigo entender a tensão das caçadoras: prestes a garantir que o Honmoon estivesse completo, é claro que elas precisavam que tudo desse certo. Infelizmente, a vida prega peças, e Rumi não consegue ser perfeita o tempo todo, ainda mais lidando com suas inseguranças. Nesse contexto, entram os Saja Boys, boyband demoníaca liderada por Jinu, que, por roubar os fãs e a harmonia das meninas, enfraquece esta barreira, fazendo vários demônios entrarem.
Em uma das lutas, Jinu descobre o segredo de Rumi, e eles passam a se encontrar às escondidas dos outros membros dos dois grupos. Dessa forma, ela aprende mais sobre a relação que Gwi-Ma, o grande mestre por trás dos demônios, possui com seus peões, e sau visão sobre eles começa a mudar. Agora, eles são mais que vilões que não merecem viver.
Desde a vulnerabilidade que a protagonista sente às razões que fizeram o rapaz (pode chamar de rapaz se ele tem 400 anos?) parar naquela situação, tudo faz sentido. As cenas entre os dois são muito divertidas, e acho que foi o Enemies to Lovers mais gostoso que já assisti.
As cenas de dança e de luta foram maravilhosas, que animação impecável! Gostei que as meninas não foram representadas como lindas e perfeitas todo o tempo. Amo ver elas sem maquiagem, fazendo careta, gritando, fazendo dancinha de vitória, comendo comida nada saudável, e, depois, arrasando num show. Como mulher, me senti muito mais conectada com elas por isso, por mais clichê que isso possa soar.

Além dos momentos engraçados e agitados, as cenas e momentos tocantes e reflexivos do filme também merecem muito destaque. A dualidade de Rumi em sempre sorrir para todos e guardar tudo para si enquanto sua relação com Mira e Zoey se rui aos poucos; o contraste entre o Jinu ídolo e o Jinu fora das câmeras, entre o lado demoníaco e o humano; o desequilíbrio que geramos em nós mesmos… que filme.
Acho que meu único problema foi a ausência de tempo de tela da Mira, da Zoey e até dos demais Saja Boys, mas acredito que cortá-los foi a melhor decisão pro filme ter sua história mais linear. Não que isso me faça dispensar um extra ou uma continuação. O dia que anunciarem qualquer curta, nem que seja de 10 minutos, eu assistirei!
Quando vejo comentários de pessoas que vivem na Coreia sobre o longa, sempre leio a mesma coisa: o filme respeitou muito a história e cultura do país. Como não sou coreana, vou abster de comentar muito sobre, mas me deixa feliz saber que esse uso da cultura foi bem-feito. Era de imaginar, afinal, tem em seus créditos muitos nomes coreanos, mas ver esse reconhecimento do público deve ser muito gratificante.
Foi uma história sobre autoaceitação e enfrentar nossos próprios demônios, sem trocadilhos. Às vezes, olhar no espelho e encarar as marcas em nós é difícil, e fugir, embora mais fácil, se torna uma prisão. Embora obviamente tudo isso seja mais fácil em um filme, é bom se lembrar que existem pessoas que vão nos aceitar e acolher.
Spoiler do filme Guardiãs do K-pop
E, claro, a cena final. Que delícia de luta, a música, tudo ficou muito arrepiante, mas ver o Jinu se sacrificando? Momento de retrospectiva Hotarubi no Mori e, anos se passam, mas eu não supero.
Ainda assim, penso que viver com as memórias que ele possuía deveria ser muito doloroso, e, no fim, o sacrifício teve um quê de “estou fazendo a coisa certa desta vez”. Poderia falar mais sobre isso, mas acho que a morte é um tema muito sensível e controverso para muitos.
Mesmo que não tenhamos um final romântico, gosto que a amizade delas se preservam e que Rumi aceitou suas marcas demoníacas. Não sei o que poderia existir em uma continuação, mas é bem provável que vejamos algo daqui a uns anos, dados os comentários dos produtores.
Personagens
HUNTR/X

Rumi, que possui um senso de dever gigantesco, uma voz maravilhosa e um segredo maior ainda, é a personagem perfeitamente imperfeita. Ela tem energia, vontade de fazer as coisas do jeito certo, e bastante determinação, que são características que eu admiro bastante em uma protagonista. Certamente, se fosse uma pessoa real, eu gostaria de tê-la por perto. Nosso amorzinho que merece o mundo!
Mira é a mais durona e rebelde, com os visuais mais cativantes do trio. Amei como esse lado mais frio foi bem explorado nos momentos mais tensos da trama, e é graças a esse traço da personagem que a história avança. Infelizmente não temos muito da história de fundo dela, nem da Zoey, e queria muito uma continuação onde elas tenham mais destaque.
Zoey é minha favorita das Huntrix. Ela tem esse ladinho mais ingênuo, sendo quase que o oposto de Mira: simpatiza com os Saja Boys porque eles são bonitos, até dizendo no início que eles parecem “demônios legais”, e é levemente inclinada a agradar os outros. Mesmo sendo mais feminina e “boba”, possui dimensão dentro do pouco que vemos dela.
Saja Boys

Jinu não é o mocinho para quem você torce logo de cara, o que achei bom, visto que eles começam inimigos, e é cativante, mesmo que às vezes dê vontade de surtar com suas táticas para ganhar das Huntrix. Eu gosto de vilões e de personagens não tão certinhos, logo, foi fácil gostar dele, principalmente dada a química com a Rumi! Só achei que ele merecia mais… se você assistiu, entendeu. Estou em negação junto das teoristas do Tumblr.
Os demais Saja Boys são… os demais Saja Boys. Eles são legais dentro das interações com as meninas e entre si, e é fácil perceber que, diferente de Jinu, eles não parecem ter tanta personalidade. Na realidade, parecem zumbis fora da câmera, fazem apenas o que precisam fazer e é isso. Queria ter encontrado mais informações sobre suas vidas e histórias, mas não foi dessa vez.
Quero aproveitar para falar dos outros personagens que me encantaram: Bobby, Derpy e Sussie. Bobby é o gerente das Huntrix, mas, diferente de outras mídias que retratam esses representantes como cruéis ou exploradores, aqui, ele é totalmente fã das meninas. Foi um toque bem positivo ao filme.
Derpy, o tigre azul, e Sussie, a ave pega de chapeuzinho, têm inspiração no folclore coreano e também trazem uma leveza pro filme, com cenas muito fofas. Eles são pets (ou algo próximo disso) de Jinu, e interagem com Rumi, também.

As músicas
Eu assisti dublado, logo, consigo opinar tanto sobre as músicas originais, como sobre as versões em português. Podem me chamar de puxa-saco, mas eu amei as adaptações! As letras ficaram muito boas, passam o mesmo sentimento das originais, e as vozes encaixaram muito bem. Eu tive um pouco de medo pelo rap, afinal, é difícil, mas a voz do Baby Saja e da Zoey ficaram incríveis.
As originais dispensam comentários: superaram grupos reais de música no Spotify e com razão. Idol, Takedown, What It Sounds Like (especialmente na versão brasileira) e Soda Pop foram as minhas favoritas.
Conclusão
Eu assisti Guardiãs do K-pop na semana passada, e ainda não consegui tirar ele da mente! Ao mesmo tempo que digo que quero consumir mais mídias assim, tenho que admitir que ele deu certo mais pela quebra de expectativas que por seguir uma fórmula específica.
Talvez o nome te deixe sem vontade de assistir, pois parece bem bobinho, mas, se gostar de animação, meninas metendo a porrada em vilões e idols, pode ser uma boa maneira de passar seu tempo.
Essa foi provavelmente a maior resenha que eu já fiz! Como estou 100% viciada nas músicas e oficialmente necessitada de mais mídias femininas, estarei em busca de mais conteúdos similares e me afundando no fandom, afinal, agora eu tenho um tempinho extra para isso.
Nos vemos nas próximas, e, caso tenham recomendações, eu aceito!
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