Sobre a possível volta do Orkut e a Internet de agora

01/06/2022
Colagem de imagens que remetem ao Orkut. Da esquerda para a direita: captura de tela da comunidade 'Eu Odeio Acordar Cedo', que usava a imagem do gato Garfield. O logotipo do jogo Pet Mania, da Vostu. Captura de tela do jogo Colheita Feliz, da Mentez. Abaixo, as ilustrações da campanha da Coca-cola no site.

Acho que todo mundo, a essa altura do campeonato, já deve ter ficado sabendo da possível volta do Orkut. A timeline ficou cheia de memes, lembranças dos joguinhos, das comunidades bobas e engraçadas... se você nasceu nos anos 90 ou 2000, certamente sabe do que estou falando.

Sei que a nostalgia e a saudade são incrivelmente traiçoeiras, afinal, desde o comecinho da Internet, já existiam vários crimes e babaquices online, mas é fácil perceber o quanto as coisas mudaram. Poucos deviam imaginar, nessa época, o quão útil, viciante, perigosa e desgastante poderia se tornar uma rede social no futuro.

Não é segredo o quanto as redes já não são mais tão voltadas para se conectar com pessoas, mas, sim, com ideias, marcas, conteúdos... um exemplo grande disso é o Instagram, que começou como um app para postar fotos de si mesmo e, agora, é quase uma vitrine de lojas, conteúdos diversos e influencers.

Não estou criticando quem faz isso, tanto porque faço o mesmo como porque já tem um tempo que quase todas as redes se adaptaram para receber e formar empresas e criadores de conteúdo, com botões de loja, monetização e afins. Elas vêm para prender você a pessoas inalcançáveis e ideias de massa, para te viciar em rolar a tela sem pensar muito, não para te conectar a pessoas.

Até as músicas mudaram por causa disso, se tornando mais curtinhas e mais "adequadas para dancinha". Tudo acabou se moldando para acomodar o poder que a Internet possui e para não ser ignorado por ela.

Mas, voltando ao foco do texto, o que além do formato das redes mudou? Acho que é fácil adivinhar, mas vou dizer mesmo assim: as pessoas que as usam.

É como já falei no começo da postagem. A internet já era um lugar perigoso desde o começo, mas, agora, é comum ver brigas aleatórias em comentários de postagens, ofensas, fake news, golpes, grupos de ódio, contas falsas usadas para xingar políticos, artistas e até qualquer pessoa, de graça, por uma maldadezinha inexplicável.

A quantidade de vezes em que temas importantíssimos pareceram irrelevantes comparados a um assunto aleatório que o Twitter decidiu problematizar não tá no gibi. A nova meta de muitos é viralizar falando qualquer coisa, roubando conteúdo, desrespeitando e fazendo piada problemática, tudo em nome de ser famosinho e de, em muitos casos, ganhar um dinheiro "fazendo nada".

Além disso, existe um certo tipo de egocentrismo onde muitos acham que tudo é sobre eles, mesmo quando não tem nada a ver. Existe uma diferença entre opinar e achar que tudo deve ser feito da sua maneira, para o seu agrado e, se não te satisfez, logo, ninguém mais pode gostar. É liberado não curtir algo e passar direto, sem ofender quem curte, por mais chocante que pareça ser para muitos.

O Orkut é de uma época onde as coisas eram um pouco menos violentas, menos comerciais que hoje em dia e que, com certeza, gera saudade. Mas, lá no fundo, não somos mais os mesmos de 10, 20 anos atrás. Não temos mais motivo pra compartilhar disquetes com músicas, gifs não são mais inovadores (na verdade, são até obsoletos hoje em dia), não precisamos mais mandar SMS e Internet não é mais algo pra se acessar no fim de semana e com cuidado pro plano não acabar.

Mesmo assim, podemos, sim, olhar para trás e tirar algo bom disso para tentar trazer de volta (e não estou falando só de redes sociais). Ter muito em nossas mãos o tempo todo nos deixa sem tempo de perceber que nem todas as inovações que tivemos foram, de fato, benéficas para a gente, e voltar atrás em certos hábitos e pensamentos nem sempre é retrocesso.

Enfim, é isso! Não é a primeira vez que escrevo essa postagem, tinha feito ela todinha e o Blogger não salvou, então acabei digitando tudo o que lembrava. Se isso era um sinal pra não escrever... eu não segui! 🤣 Cuidem-se e até a próxima!

4 comentários:

  1. Oi Beatriz! 😍
    Sou uma das pessoas que sente saudades do Orkut, era uma rede social com um clima mais harmônico, mas como você disse, eram outros tempos. Mesmo assim, torço pela volta do Orkut renovado ou que pelo menos ele inspire uma rede social parecida, e que venha trazendo boas novidades pra nós! 🤩 Ah, apesar de ultrapassado, confesso que até hoje gosto de gifs 😂, também adorava os joguinhos que existiam na época! 😀
    Gostei de seu post reflexivo! 😳💖

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    1. Oiii! Também sinto saudade da paz que a gente tinha lá 🥺 E, sim, estou esperando para ver se o criador do Orkut vai trazer algo novo para a gente com essa mesma ideia!
      Ah, os gifs são lindos mesmo! 🤣 Tem vezes que não ligo, uso mesmo, são tudo de bom. 💗 E os joguinhos... Pet Mania, Queridos Monstrinhos...
      E obrigada! Quem sabe não aparece mais posts assim por aqui? 🥰

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  2. Eu acho difícil imaginar alguém da nossa época, de 1990/2000, que não pense nisso. Sei que eu penso nisso o tempo todo; é lamentável. Consigo me lembrar de como era diferente 10 anos atrás, quando comecei a surfar na web — e quando ainda dava pra surfar na web, né.

    Como você bem disse, maldade na net sempre existiu, mas hoje em dia está exacerbado demais, nossa... criam contenda a troco de nada, especialmente vendo que o que antes era 15 minutos de fama se tornou 5 min, no máximo, e logo o público tá scrollando a tela e passando pro próximo tweet viral. Nesse sentido, os blogs fazem ainda mais falta.

    Experiência digital no formato de ilha é incomparável. Claro que tem como você arrumar confusão com alguém no seu próprio site, mas me atrevo a dizer que não é tão rápido, dá mais tempo de você enxergar que aquilo não vale a pena, e simplesmente apagar as publicações relacionadas. Vai tu tentar fazer isso no Instagram...!

    Off: eu nunca usei o Orkut 😗 Naquela época, eu usava muito o Facebook, mas quando descobri que o Orkut existia, ele já estava pra fechar...

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    1. Eu até hoje penso, também. É muito "conteúdo" controverso, muita gente tentando pegar um pouco de atenção falando de assuntos às vezes delicados de maneiras terríveis. E pra ser esquecido em pouco tempo depois, como você falou, porque sempre tem outra coisa viral (e, talvez, bem pior).

      Eu também acho esse formato de blog mais legal. Sempre dá pra arrumar confusão, porque quem quer, dá um jeito 😂 mas vantajoso certamente não é.

      Eu morro de medo de ser cancelada no Twitter ou Instagram, pois sei que a repercussão pode ser difícil de conter se sair da bolha; para ler um blog, você tem que procurar ele de alguma maneira. Ele não aparece no seu feed, quase que se impondo, então temos chances menores de passarmos perrengue.

      Eu tenho testado outras redes e é muito interessante navegar por elas sem depender de algoritmos. Você literalmente pode escolher o que aparece no seu feed e isso é tão incrível e inovador contando que é, basicamente, a moda antiga.

      Off: é sério??? Eu usei bem novinha para jogar, então não aproveitei muito o aspecto social dele. Mas eu vi minha irmã usando e, bem, parecia divertido. E eu amava o tema da Coca-Cola! Não conseguia viver sem.

      O Facebook foi para onde fui depois para (adivinhe) continuar jogando, mas, depois dos 12 anos, virou mais uma rede que eu mantinha por manter, mesmo.

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