Resenha: Buscando...

08/02/2020
Imagem do filme Buscando..., com a foto da personagem Margot dividida em várias janelas de programas de computador

Buscando… é um filme que me chamou a atenção na sinopse: um pai que desvenda o desaparecimento da filha pelos arquivos no seu computador e pelos amigos que ela possui, embora ele não conheça nenhum deles. Foi uma premissa que me pegou de cara, afinal, quem somos na internet e com quem lidamos?

David Kim, o pai de Margot, sabia que ela ia para um grupo de estudos de Biologia e que ela só voltaria no outro dia. Durante a noite, enquanto ele dormia, ela ligou três vezes, mas, óbvio, ele não atendeu. No dia seguinte, ela não estava em casa, mas ele achou que ela tivesse saído mais cedo, afinal, quem pensaria que a menina sequer tinha voltado?

O tempo passa, nada dela aparecer, mas, ei, ela tinha aula de piano, então pensou em perguntar à professora, mas não esperou ouvir dela que a filha tinha cancelado há seis meses. Ele continuava dando o dinheiro para que ela pagasse as aulas, então que diabos estava acontecendo?

David estava desesperado. Ligou para a polícia e uma detetive foi escolhida para o caso. É a partir desse ponto que a coisa fica boa, mas só para o espectador. Rosemary, a detetive, instrui o pai a investigar sobre a filha e, como o notebook dela está em casa, ele dá aquela vasculhada para desvendar algo e, bem, o que encontra não é o que espera.

A detetive sempre dizia que a tragédia não era culpa dele, mas não é fácil dizer isso a alguém que perdeu a filha por razões até então desconhecidas e que não consegue nenhuma pista. Ninguém era próximo o suficiente dela, ninguém sabia nada sobre seu paradeiro e ninguém parecia se importar, embora tivessem seu número de telefone e seu contato no Facebook.

Era como se ela sempre estivesse longe de tudo e de todos.

Cena do filme Buscando, onde David Kim, pai de Margot, questiona a amiga da filha com a seguinte frase: Ela mencionou algo de unusual acontecendo, talvez? Ela estava agindo estranho?

Digo, pelo menos por mim, que foi agoniante acompanhar algumas partes, pois era tudo muito real. Infelizmente ou não, é comum a gente mostrar lados diferentes em cada ambiente. É normal ter uma faceta na internet e outra offline, mesmo que não seja exatamente certo.

Margot vivia uma espécie de vida dupla, fazendo as aparências no mundo real, enganando até mesmo seu próprio pai, e abrindo o jogo online, mostrando suas fragilidades para pessoas desconhecidas. Mas, se mostrar vulnerável para pessoas do outro lado da tela com a desculpa de que "essa pessoa não me conhece e nunca me fará mal" não é (e nunca foi!) uma realidade.

Eu queria entrar em muitos outros pontos dessa história, mas teria que revelar muita coisa do enredo e soltaria o famoso spoiler. Cada momento do filme faz a gente vibrar de ansiedade, tristeza pelos ocorridos e felicidade com cada pista, mesmo que elas não sejam sempre verdadeiras.

Buscando… é, com certeza, um filme psicológico que mexe muito com quem lida com esse universo online, além de ser completamente diferente do tradicional, afinal, a história inteira se passa dentro de chamadas de vídeo, áudios, mensagens, gravações e redes sociais, o que mostra que, lá no fundo, a internet pode revelar mais sobre você do que imagina.

Como as pistas podiam se ligar de formas diferentes, pensei em vários personagens como culpados e ter todas as minhas teorias sendo derrubadas a todo instante me deixou mais ansiosa e, ao mesmo tempo, amedrontada com a verdade que iria vir à tona. Além disso tudo, ainda mexe com a ferida de muita gente, com as mentiras que criamos, os contatos que fazemos e o distanciamento entre pais e filhos.

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